DIGITALAB 0.3 | FALA-ME DO SUBSOLO

A Galeria Tratuário inaugura o seu programa expositivo de 2026 com Fala-me do subsolo, de José Manuel Ruiz, com a curadoria de Hernando Urrutia. A inauguração terá lugar no dia 15 de janeiro de 2026, assinalando o início de um novo ciclo curatorial da galeria.

Partindo da premissa central que dá título à exposição, Fala-me do subsolo convoca uma geografia subterrânea – física, simbólica e orgânica – para explorar os mecanismos profundos e invisíveis que estruturam o corpo, o pensamento e a experiência humana. O subsolo surge aqui como metáfora de trânsito e de emergência: uma descida ontológica onde a escuridão deixa de ocultar para se tornar lugar de revelação sensível.

A instalação reúne um conjunto de peças que articulam, de forma integrada, matéria e tecnologia, explorando as relações sensoriais e conceptuais que emergem dessa fusão. Afirma-se assim uma estética da escavação, na qual o subterrâneo se revela como território poético, investigativo, e pulsante. Na fricção entre terra e pele, no gesto primitivo de “raspar a terra” para lamber os dedos, reabre-se a possibilidade do conhecimento.

Apresentada como um dispositivo de desorientação, a obra convida o visitante a habitar a “caverna dos devorados”, um espaço onde a voz é atravessada pelo que já foi consumido e metabolizado. O subsolo torna-se assim, um exercício de aprendizagem com o que resta: fragmentos do corpo, de linguagem e de profundidade que emergem como matéria sensível e inquietante.

Sobre o artista
José Manuel Ruiz é artista, professor e investigado. Doutorado em Novas Práticas Artística, desenvolve uma prática centrada na instalação multimédia, articulando matéria, tecnologia e pensamento crítico. Desde 2019, é professor na Universidade Rey Juan Carlos, em Madrid, cidade onde reside. Entre 2016 e 2019, foi professor titular e diretor de pós-graduação da Faculdade de Artes da Universidade Central do Equador, e colabora como professor com a Universitat Oberta de Catalunya, desde 2014.

Entre as suas mais recentes instalações destacam-se La fe, la espera (Porto, 2025), El rumor de la rueda que empuja (Madrid, 2024), Tornar-se verbo (Funchal, 2023), Morgan (Cuenca, 2023) e El monstruo y el fósil (Quito, 2022).

A nível teórico, o seu trabalho aborda questões relacionadas com a experiência estética e a cultura contemporânea, com especial atenção às contradições conceptuais do tecnocapitalismo e à sua relação com a prática artística. O seu trabalho foi apresentado em países como Bélgica, Israel, Portugal, Uruguai, México, Colômbia, Venezuela, Peru, Equador e Espanha.